As ingerências governamentais e o antídoto freireano: cenários de resistência em tempos de necroeducação

Resumo

Este ensaio objetiva promover a discussão e a reflexão sobre as ingerências governamentais no cenário brasileiro que, assolado pela Covid-19, restringiu o fazer pedagógico e acentuou as desigualdades sociais. O estudo é norteado pelo conceito teórico-filosófico mbembeniano de necropolítica, ou seja, uma política centrada na produção da morte, cujo pressuposto consiste no poder de ditar quem pode viver e quem deve morrer. As concepções freireanas também embasam essa proposição, a fim de prospectar ações docentes emancipadoras e libertadoras como antídoto de resistência para coibir as inúmeras ações do governo bolsonarista que impeliram a necroeducação. Trata-se de um estudo bibliográfico enviesado pela ótica qualitativa para leitura e interpretação dos dados advindos da mídia. Ademais, este ensaio apresenta duas atividades como exemplos de ações docentes emancipadoras desenvolvidas no cenário de necroeducação. A interlocução teórica aponta que a necroeducação se distancia quando a educação é compreendida como um ato político e libertador a partir de práticas que fomentem o pensamento crítico e a construção coletiva para superar situações-limite.

Abstract

This essay aims to promote discussion and reflection on governmental interference in the Brazilian scenario, when devastated by Covid-19, restricted pedagogical work and accentuated social inequalities. The study is guided by the mbebenian theoretical-philosophical concept of necropolitics, that is, a policy centered on the production of death, whose assumption is the power to dictate who can live and who must die. Freire's conceptions also support this proposition to prospect emancipatory and liberating teaching actions as an antidote of resistance to curb the numerous bolsonarista governmental actions that emphasize necro-education. This is a bibliographical study biased by a qualitative perspective for reading and interpreting data from the media. Furthermore, this essay presents two activities as examples of emancipatory teaching actions developed in the necroeducation context. The theoretical interlocution points out that necroeducation distances itself when education is understood as a political and liberating act based on practices that encourage critical thinking and the collective construction to overcome extreme situations.