“Eu Avalio o Aluno Como um Todo" : Problematizando a Avaliação Invisível
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Resumo
No estudo de caso empreendido para minha tese de doutorado, o foco estava nas questões de indisciplina e violência entre adolescentes no ensino fundamental da rede pública da cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, logo ficou claro que práticas de avaliação e de controle disciplinar se confundiam no espaço pesquisado. Eram freqüentes as ameaças de “perder ponto” em caso de indisciplina em sala de aula, a aplicação de testes como punição para turmas agitadas, assim como a explicitação do peso do fator comportamental nas discussões sobre aprovação ou reprovação de alunos em conselhos de classe. Para a tese, foi mantido o recorte nas questões de indisciplina e violência entre estudantes adolescentes. Neste artigo, contudo, aborda-se a questão da avaliação, a partir dos registros dessa mesma pesquisa. O que se discute não é propriamente a imbricação percebida entre avaliação e disciplina, mas sim a concepção de avaliação que a contextualiza e a legitima: a avaliação contínua e global do aluno, oficial na rede pública de ensino dessa cidade. Para tanto, consideram-se duas contribuições da perspectiva intercultural para a Didática, difundidas nesse campo pela professora Vera Candau – a insistência no diálogo intercultural no cotidiano escolar e a crítica às práticas essencialistas na educação –, assim como a noção de pedagogia invisível, conforme desenvolvida pelo sociólogo inglês Basil Bernstein. Observa-se que a não explicitação dos critérios compromete a função diagnóstica da avaliação, que tende a operar em perspectiva essencialista, analisando imagens difusas dos alunos e não suas produções objetivas. Na conclusão, destacam-se a importância da democratização e da transparência na definição de critérios de avaliação do desempenho discente, e também da crítica ao essencialismo nos procedimentos de avaliação, para que esta possa exercer sua função primeira de regulação dos processos de ensino-aprendizagem escolares.
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